residência.
Residência W. Benjamin • Brasília DF
Concebida para imigrantes europeus, a Residência Benjamin nasce do desafio de conciliar um programa extenso de necessidades com a preservação da ambiência natural que permeia o terreno. Este, permeado por uma fauna vibrante e uma flora delicada, configura-se em grande parte como área de preservação, impondo restrições que moldam o gesto arquitetônico e orientam a construção a uma escala contida, precisa e quase reverente.
Essas condições naturais conduzem o projeto à verticalidade — uma resposta precisa à escassez de solo disponível e, simultaneamente, uma estratégia de aproximação com a paisagem. O edifício se não se eleva como ruptura, mas verticaliza-se de forma invertida, no sentido descentente,enraizada no solo, como quem busca nas camadas da terra a memória do lugar, deixando à superfície apenas o essencial — o verde e o ar como prolongamentos do espaço.
Dessa condição emerge o partido igualmente ivertido: O nível térreo assume o papel de quintal suspenso, enquanto os demais ambientes se dispõem na porção inferior do edifício. Essa inversão implantativa redefine a relação entre arquitetura e natureza — a casa se torna moldura, e a paisagem, obra de arte. O olhar do habitante é convidado não apenas a contemplar, mas a perceber-se inserido no quadro, partícipe do espaço e do tempo que o cercam.
A natureza, incorporada à rotina doméstica, dilui os limites entre o interior e o exterior, instaurando uma ambiência de serenidade e leveza. Assim, a Residência Benjamin materializa o desejo dos moradores: habitar em harmonia com o lugar, onde o flâneur ainda encontra espaço para existir — mesmo na escassez física — e onde o silêncio, o verde e a luz se conjugam para compor a atmosfera essencial da casa.